segunda-feira, abril 23, 2007

Como se Portugal inteiro em mim coubesse

Vieram com Lutero os vendilhões do Templo, - e o Sol se cobriu;
Vieram com os Césares os fumos de mandar, - e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos de fé, - e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.

Porque, porém, dobrou o joelho, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, renunciou o monge à sua alma, - eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.

Inês o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
Fernando o sabe e não perdoa, - que por ele pecaram portugueses;
África o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.

Só pagará a dívida o que em mim for frade, - num só claustro, o mundo;
Só pagará a dívida o que em mim for braço, - de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada, - perante um Deus que é tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.

in uns poemas de Agostinho ulmeiro

13 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!
Beijinhos e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Ola! O sitio não é o apropriado mas não posso deixar a "oportunidade virtual" passar. Vi-te um dia no casino estoril a actuar, quando fui ver o musical Amália. E a tua "loucura" é das coisas mais verdadeiras e sóbrias que podem existir. Lembro-me tambem do programa televisivo que participaste em que meio portugal andava a dizer "ela é completamente louca" e eu dizia "ela é muito sóbria"...
"Só é tua loucura onde com lucidez te reconheças".
Não conheço a tua musica do Antes nem a de Agora, mas reconheço-te a léguas!!!!! E o que poderá haver de mais importante num musico que a propria pessoa? Bj

Helena disse...

:)

Graza disse...

Boa escolha...
E bem vinda!...
Last but not the least.

Anónimo disse...

"O dia há-de nascer
Rasgar a escuridão
Fazer o sonho amanhecer
Ao som da canção
E então, o amor há-de vencer
E a alma libertar
Mil fogos ardem sem se ver
Na luz do nosso olhar

Um dia há-de se ouvir
O cântico final
Porque afinal falta cumprir
O amor em Portugal"
Dulce Pontes

Anónimo disse...

Oops, um pequenino engano. Em vez de "O amor em Portugal" é "O amor a Portugal". Faz toda a diferença :)

Helena disse...

faz :)


terra prometida


;)

Anónimo disse...

"O povo é quem mais ordena."
Actualmente, até onde é que isto é verdade?
Trinta anos depois, faz mais sentido dizer:
É quem mais ordena o povo.

José Santos disse...

Olha pela janela Laurinha... poesia a cair do céu.
Está a nevar em Benfica!...

Helena disse...

às lágrimas
*:)

Helena disse...

gracinha

ousar lutar ousar vencer

;)*

Anónimo disse...

Portugal sempre foi dos pequeninos, porque os pequeninos em Portugal são atrevidos e safados. Por isso Agostinho teve de sair de cá para fazer algo.Beijos e saudades Laura.

De Amor e de Terra disse...

Olá Lena,
é a primeira vez que aqui venho e gostei muito dos degraus, floridos, de laura e de Lena...
Não conhecia este Poema de Agostinho e encantou-me.
Voltarei, podes estar seegura.
Até lá, um beijo da

Maria Mamede