segunda-feira, junho 20, 2005

rosinha, o gatão

4 comentários:

chOURIÇO disse...

Gatão lindão.

Tlim-tlão.

:)*

Anónimo disse...

Para Laura e Rosinha

Ode ao gato de Pablo Neruda

Os animais foram
imperfeitos,
compridos de cauda, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco foram-se
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo sinais,
graça, vôo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente
terminado,
caminha só e sabe o que
quer.

O homem quer ser
peixe e pássaro,
a serpente gostaria de ter
asas,
o cachorro é um leão
desorientado,
o engenheiro quer ser
poeta,
a mosca estuda para
andorinha,
o poeta tenta imitar a
mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
desde o bigode à cauda,
desde pressentimento à rata
viva,
desde a noite até aos seus
olhos de ouro.

Não há unidade
como ele,
não têm
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma só coisa
como o sol ou o topazio,
e a elástica linha no seu
contorno
firme e subtil é como
a linha da proa de uma
nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para deitar as moedas
da noite.

Oh pequeno
imperador sem urbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão,
nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no chão,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque todo
é imundo
para o imaculado pé do
gato.

Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreto
das habitações,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
seguramente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não és mistério,
todo mundo te sabe e
pertences
ao habitante menos
misterioso,
talvez todos o crêem,
todos se crêem donos,
proprietários, tios
de gatos, parceiros,
colegas,
discípulos ou amigos
de seu gato.

Eu não.
Eu não assino.
Eu não conheço ao gato.
Tudo o sei, a vida e o seu
arquipélago,
o mar e a cidade
incalculável,
a botânica,
o gineceu com os seus
extravios,
o vezes e o menos da matemática

os funis vulcânicos
do mundo,
a casca irreal do
crocodilo,
a bondade ignorada do
bombeiro,
o atavismo azul do
sacerdote,
mas não posso decifrar um
gato.
A minha razão resvalou na sua
indiferença,
os seus olhos têm números
de ouro.

Anónimo disse...

O Rosinha ( mas este nome de gatão só poderia ser posto por mulher!)até parece irmão do meu Zeca. Beijos.

Helena disse...

ele nasceu todo cor de rosa!!!

;D