terça-feira, dezembro 27, 2005
sexta-feira, dezembro 16, 2005
terça-feira, dezembro 13, 2005
Then sing, ye birds, sing, sing a joyous song!
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.
W. Wordsworth
Ode: Intimations Of Immortality From Recollections Of Early Childhood
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.
W. Wordsworth
Ode: Intimations Of Immortality From Recollections Of Early Childhood
sexta-feira, novembro 25, 2005
Menina do circo

Cada vez que abriam a porta era uma onda de ruído que entrava pelo quarto e o enchia até ao tecto.
Ele andava de um lado para o outro, como os animais presos, da janela até à parede branca e depois voltava para trás. Não valia a pena olhar lá para fora: fazia demasiado escuro. Se houvesse uma cadeira talvez se sentasse, mas não havia cadeira nenhuma e não ia ficar ali de pé, parado, num sítio qualquer. Ficaria com ar de parvo.
A meio da sala havia uma mesa redonda com coisas para comer e algumas garrafas. Ele não tinha fome nem sede.
Foi então que ela soltou dois gritos muito agudos para desprender a voz. Se calhar para afastar a ansiedade com um susto.
Também ele sentia ansiedade. Como se fosse ele que tivesse de ir cantar para uma pequena multidão impaciente, ele que não sabia cantar, nem para os amigos. "Tudo pronto. Entramos dentro de dois minutos", ouviu dizer ao guitarrista que tinha acabado de entrar. Ela pôs-se de pé. Estava vestida como uma menina do circo que anda sobre os elefantes. Isso enterneceu-o. Aproximou-se dela para a agarrar, para a beijar, mas ela estendeu os braços em frente, afastando-o. Por causa da pintura. E os beijos enfraquecem a voz. Era o que ela costumava dizer.
O guitarrista agarrou na guitarra lacada de vermelho encostada à parede do fundo e saiu.
"Até já, meu menino". E a porta fechou-se atrás dela.
Ele ia continuar o seu inútil passeio entre a janela negra e a parede branca. Contaria as músicas. Sabia que eram treze, porque era sempre assim. Até lá não havia mais nada a fazer.
in A noiva judia
Pedro Paixão
Menina do circo II
Tinha a cara húmida e os olhos desbotados. O seu corpo estava quente como uma botija em lençóis frios. Deitada sobre os seus joelhos, o seu corpo enroscado cabia todo. Apesar do barulho quem prestasse atenção podia ouvir a sua respiração ofegante. Mas só um prestava atenção: o que a tinha assim ao colo como uma criança. Apeteceu-lhe ficar assim, indefinidamente ausente, mas era preciso partir. As luzes iam-se apagando aos poucos, enquanto a pequena multidão se desfazia muito lentamente sem trocar o caminho de suas casas.
Era muito tarde. Alguém disse que o carro já tinha chegado. Ele agarrou nela como num embrulho frágil e deitou-a no banco de trás. Foi também ele que fechou a porta. Alguém gritou o nome dela do escuro e o carro pôs-se em movimento.
A primeira à direita, a terceira à esquerda e depois entraram numa floresta de eucaliptos, silenciosa, durante alguns quilómetros. De vez em quando ele espreitava pelo espelho retrovisor, que tinha ajustado, para a poder ver, imóvel, estendida sobre o banco, e depois voltava a olhar para a frente descobrindo a estrada iluminada pela luz branca dos faróis. Aliás de noite nada tem cor, a não ser os sonhos dela que ele não podia ter a certeza de querer adivinhar.
A certa altura ele começou a assobiar muito baixinho. Voltou a calar-se e depois chamou pelo nome dela, mas sem que ela o ouvisse. Só para dizer o nome dela. Nisto ocorreu-lhe, por absurdo, a ideia de que alguém tinha morrido e que transportava consigo esse cadáver do qual era necessário desfazer-se urgentemente. Quase sentiu medo. Foi então, bruscamente, que uma mão lhe aflorou a nuca e ouviu uma voz que dizia: "Meu menino, meu menino".
Pedro Paixão
A noiva judia
Era muito tarde. Alguém disse que o carro já tinha chegado. Ele agarrou nela como num embrulho frágil e deitou-a no banco de trás. Foi também ele que fechou a porta. Alguém gritou o nome dela do escuro e o carro pôs-se em movimento.
A primeira à direita, a terceira à esquerda e depois entraram numa floresta de eucaliptos, silenciosa, durante alguns quilómetros. De vez em quando ele espreitava pelo espelho retrovisor, que tinha ajustado, para a poder ver, imóvel, estendida sobre o banco, e depois voltava a olhar para a frente descobrindo a estrada iluminada pela luz branca dos faróis. Aliás de noite nada tem cor, a não ser os sonhos dela que ele não podia ter a certeza de querer adivinhar.
A certa altura ele começou a assobiar muito baixinho. Voltou a calar-se e depois chamou pelo nome dela, mas sem que ela o ouvisse. Só para dizer o nome dela. Nisto ocorreu-lhe, por absurdo, a ideia de que alguém tinha morrido e que transportava consigo esse cadáver do qual era necessário desfazer-se urgentemente. Quase sentiu medo. Foi então, bruscamente, que uma mão lhe aflorou a nuca e ouviu uma voz que dizia: "Meu menino, meu menino".
Pedro Paixão
A noiva judia
segunda-feira, novembro 21, 2005
sábado, novembro 12, 2005
o amor mais fundo
quarta-feira, novembro 09, 2005
lua cheia
deixa-me só tocar-te breve
- eu não te quero acordar -
e sentir a flor da tua pele muito branca
na ponta da minha língua,
como se eu fosse um gato
e a tua pele a linha branca do nível do leite
morno, esquecido
e depois ir descendo pelas tuas costas
apertar e ouvir-te gemer
ir descendo pela linha da cintura até ao joelho,
sentir essa penugem loura e quente e voltar a subir
e de novo molhar a língua no teu pescoço
na linha dos cabelos que eu cortei
e aí morder-te sem magoar
e voltar a descer-te pela barriga
depois subir-te pelo peito e ouvir o teu suspiro
e ficar tonta
e continuar até ao refúgio de pêlos mais secreto do teu corpo
e demorar
sentir-te erecto e quente e descer ainda um pouco
e ouvir que tu queres mais
e dar-te mais, devagarinho
e saber que tu queres mais
e dar-te sempre mais porque é urgente
juntar o movimento do meu corpo todo
ao movimento do teu corpo todo
e ser a tua mulher no caminho da vertigem
de te dar e receber
(mesmo que queiras morrer e a vida te seja madrasta,
porque tu ainda estás vivo e ainda estás aqui)
93
- eu não te quero acordar -
e sentir a flor da tua pele muito branca
na ponta da minha língua,
como se eu fosse um gato
e a tua pele a linha branca do nível do leite
morno, esquecido
e depois ir descendo pelas tuas costas
apertar e ouvir-te gemer
ir descendo pela linha da cintura até ao joelho,
sentir essa penugem loura e quente e voltar a subir
e de novo molhar a língua no teu pescoço
na linha dos cabelos que eu cortei
e aí morder-te sem magoar
e voltar a descer-te pela barriga
depois subir-te pelo peito e ouvir o teu suspiro
e ficar tonta
e continuar até ao refúgio de pêlos mais secreto do teu corpo
e demorar
sentir-te erecto e quente e descer ainda um pouco
e ouvir que tu queres mais
e dar-te mais, devagarinho
e saber que tu queres mais
e dar-te sempre mais porque é urgente
juntar o movimento do meu corpo todo
ao movimento do teu corpo todo
e ser a tua mulher no caminho da vertigem
de te dar e receber
(mesmo que queiras morrer e a vida te seja madrasta,
porque tu ainda estás vivo e ainda estás aqui)
93
sexta-feira, novembro 04, 2005
paixão e morte
se eu pudesse guardar-te comigo
cá no fundo e à flor da pele
nem a morte nem a vida me roubariam de ti
e nem de noite nem de dia te levariam de mim
deixar-te-ia correr lentamente no meu sangue
se eu pudesse guardar-te comigo
mas deixa-me em paz
sai-me da ideia, por favor
não vês que sem ti fico melhor?
não sentir o sabor da tua boca
e ir esquecendo devagar que tu já foste
o meu tesouro mais secreto
o meu veneno mais letal
o meu primeiro e último suspiro
sai de mim
por favor sai de mim
senão morro por te ter e não te ter
o teu calor dentro das veias faz-me falta
e faz-me mal
se eu pudesse guardar-te comigo
deixar-te-ia correr
lentamente
no meu sangue
deixa-me em paz
por favor
cá no fundo e à flor da pele
nem a morte nem a vida me roubariam de ti
e nem de noite nem de dia te levariam de mim
deixar-te-ia correr lentamente no meu sangue
se eu pudesse guardar-te comigo
mas deixa-me em paz
sai-me da ideia, por favor
não vês que sem ti fico melhor?
não sentir o sabor da tua boca
e ir esquecendo devagar que tu já foste
o meu tesouro mais secreto
o meu veneno mais letal
o meu primeiro e último suspiro
sai de mim
por favor sai de mim
senão morro por te ter e não te ter
o teu calor dentro das veias faz-me falta
e faz-me mal
se eu pudesse guardar-te comigo
deixar-te-ia correr
lentamente
no meu sangue
deixa-me em paz
por favor
1997
sexta-feira, outubro 21, 2005
terça-feira, outubro 18, 2005
domingo, outubro 09, 2005
quinta-feira, outubro 06, 2005
domingo, outubro 02, 2005
quarta-feira, setembro 28, 2005
Um poema de Agostinho
Vieram com Lutero os vendilhões do Templo, - e o Sol se cobriu;
Vieram com os Césares os fumos de mandar, - e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos de fé, - e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.
Porque, porém, dobrou o joelho, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, renunciou o monge à sua alma, - eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.
Inês o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
Fernando o sabe e não perdoa, - que por ele pecaram portugueses;
África o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.
Só pagará a dívida o que em mim for frade, - num só claustro, o mundo;
Só pagará a dívida o que em mim for braço, - de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada, - perante um Deus que é tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.
Vieram com os Césares os fumos de mandar, - e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos de fé, - e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.
Porque, porém, dobrou o joelho, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, renunciou o monge à sua alma, - eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.
Inês o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
Fernando o sabe e não perdoa, - que por ele pecaram portugueses;
África o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.
Só pagará a dívida o que em mim for frade, - num só claustro, o mundo;
Só pagará a dívida o que em mim for braço, - de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada, - perante um Deus que é tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.
terça-feira, setembro 20, 2005
quinta-feira, setembro 15, 2005
terça-feira, setembro 13, 2005
terça-feira, agosto 23, 2005
pingo

tudo bem, os cães são bem tratados (educados e gentis) e já me conhecem, nada de grave!
o problema é que vim para casa com mais um felino, ainda criança, tem uns 4 meses, está bem tratado, cheira bem e não tem pulgas
vou tentar encontrar o dono, hoje, mas por enquanto a família está em seis gatos!
aaaaaaaaaaaaaaai a minha vida
tcham tcham tcham
(xutos & pontapés)
quinta-feira, agosto 18, 2005
sábado, agosto 13, 2005
quinta-feira, agosto 11, 2005
sábado, agosto 06, 2005
quinta-feira, agosto 04, 2005
segunda-feira, agosto 01, 2005
quinta-feira, julho 28, 2005
quinta-feira, julho 21, 2005
terça-feira, julho 12, 2005
segunda-feira, julho 04, 2005
domingo, julho 03, 2005
sexta-feira, julho 01, 2005
terça-feira, junho 28, 2005
domingo, junho 26, 2005
sexta-feira, junho 24, 2005
novidades da minha família felina
quem manda mais - a mini mãe, pritinha de seu nome (peso: 2,800Kg) , e dorme na sala
quem manda a seguir - rosinha o gatão apaixonado (peso: cerca de 5Kg) , e dorme na cozinha
quem teve que se sujeitar à dominância do regressado - o china maravilha, siamês da minha vida (peso: 4,100Kg) , e dorme na sala
quem foge a sete patas e apanha sustos de morte com o cabeçudo apaixonado ;D - a branquinha linda (peso: 3,4ooKg), e dorme no escritório
quem assiste de longe e não se mete, a minha doce puma (peso: 3,200Kg), e dorme na minha cama
bom fim de semana! :)
quem manda a seguir - rosinha o gatão apaixonado (peso: cerca de 5Kg) , e dorme na cozinha
quem teve que se sujeitar à dominância do regressado - o china maravilha, siamês da minha vida (peso: 4,100Kg) , e dorme na sala
quem foge a sete patas e apanha sustos de morte com o cabeçudo apaixonado ;D - a branquinha linda (peso: 3,4ooKg), e dorme no escritório
quem assiste de longe e não se mete, a minha doce puma (peso: 3,200Kg), e dorme na minha cama
bom fim de semana! :)
terça-feira, junho 21, 2005
ao solstício de verão
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangadovendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador
E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor
Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador
Ou será que o deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangadovendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador
E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor
Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador
Ou será que o deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
segunda-feira, junho 20, 2005
domingo, junho 19, 2005
Parabéns, poema
sexta-feira, junho 17, 2005
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